Nutrição adequada e ambiente de desenvolvimento são fatores determinantes para o aumento ou diminuição do risco de câncer em seres humanos. A afirmação é fruto de pesquisas recentes, que relacionam má alimentação e falta de nutrientes ao desenvolvimento de doenças degenerativas, além de apontarem certos alimentos com indicações para a prevenção e estimulação no tratamento de pacientes com tumores.
Uma somatória entre genética e ambiente de exposição do indivíduo foi apontada por estudiosos do mundo todo, que estiveram na edição de 2010 do Congresso do Instituto de Medicina Funcional dos Estados Unidos (IFM), ocorrido em maio deste ano, como o principal fator de risco para o surgimento de células cancerígenas, destacando a importância da boa alimentação.
O câncer representa uma alteração no orquestramento da fisiologia do ser humano e é sempre importante prevenir o efeito negativo de alguma exposição tóxica que possa estimular a formação de tumores. Por isso, dieta, nutrição e administração de nutrientes personalizados são importantes ferramentas para que o paciente obtenha bons resultados.
Em 2009, o Fundo Mundial para Pesquisas de Câncer (WCRF, na sigla em inglês) e o Instituto Americano para a Pesquisa do Câncer (AICR) fizeram o maior estudo epidemiológico realizado até o momento, intitulado “Comida, Nutrição, Atividade Física e Prevenção do Câncer”, mostrando a relação dos fatores ambientais com a prevenção da doença. A pesquisa identificou que mais de 50% dos cânceres tem um componente nutricional em sua etiologia, por isso a boa nutrição é apontada como imprescindível para que os genes permaneçam saudáveis.
Ainda de acordo com o estudo, alguns tipos de câncer são mais ou menos atribuídos à dieta, como os de próstata, em que a influência alimentar chega a 75% dos casos; os de cólon, em 70% deles; os de pâncreas, bexiga, mama e endométrio, em 50%; os gástricos, com 35%; e os de pulmão, laringe, faringe e esôfago, em 20%. A maior parte dos casos de câncer também são atribuíveis à obesidade, sendo essa doença a responsável por 14% dos casos em homens e 20% em mulheres.
A maioria dos casos de câncer tem um estágio pré-clinico longo. Acredita-se que um câncer pode levar de 10 a 30 anos para se manifestar clinicamente em um paciente, apenas com alterações celulares e genéticas. Sendo assim, também demonstra porque é tão importante a prevenção nutricional.
Prevenção
Entre os fatores relacionados à ocorrência de câncer:
• Carência de acido fólico na alimentação ou nutrientes relacionados à acetilação de histonas, que provocam hipometilação. Ou seja, quando um gene é metilado, ele é silenciado, o que quer dizer que pode não manifestar a predisposição genética de cada ser em ter um câncer ou outro tipo de doença. Dessa forma, quando ocorre falta de acido fólico na alimentação de maneira crônica, pode-se evitar que um gene se silencie e, com isso, manifeste a doença. Estudos apontam que quando indicado num determinado período, o acido fólico pode prevenir a iniciação do câncer, enquanto que no momento errado pode estimular o desenvolvimento do tumor.
• Baixo consumo de fibra, associado a câncer de cólon.
• Baixo status de vitamina D3, estimulada pela exposição ao sol. Curiosamente, é muito comum no Brasil, ainda que seja um país com boa exposição solar.
• Consumo de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, provenientes da queima de carne no carvão, na brasa ou em qualquer método em que esta fique torrada, escura ou queimada.
• Problemas de regulagem dos níveis de estrogênio, que são capazes de provocar doenças como câncer de mama e endométrio e podem ser obtidos por excesso de produção interna ou contaminação a partir de agentes externos, como plásticos e outros.
• Fumo, que predispõe o indivíduo ao câncer de pulmão.
• Excesso de cobre e redução de zinco na dieta, provocando aumento da produção de radicais livres e predisposição a processos inflamatórios.
• Exposição à radiação solar ou de microondas.
• Baixa capacidade de detoxificação, ou seja, de processar corretamente tóxicos e aditivos químicos como adoçantes, medicamentos, etc, que podem ser consideradas substâncias pró-carcinogênicas.
• Baixa imunidade intestinal, já que a não estimulação e falta de proteção através de bactérias boas são necessárias para que o sistema esteja imune e evite a formação de tumores.
• Problemas na sinalização de insulina, distúrbios inflamatórios, moléculas estimulantes de crescimento e proliferação celular como estrógenos, testosterona, insulina e IGF-1 também podem gerar situações para o desenvolvimento do câncer, pois potencializam a proliferação de células que podem não ser saudáveis.
• Alteração na capacidade oxidativa ou carência de antioxidantes no organismo, gerando alta produção de radicais livres, inflamações e risco de câncer.
• Quadros como obesidade, estresse, inflamações, exposição à radiação, fumo, informação nutricional errada, disfunção mitocondrial e outros quadros de excesso de energia orgânica, que estimulam o crescimento e a proliferação do câncer.
• Falta de cuidados com inflamações, infecções e irritações crônicas, que podem gerar cânceres de cólon, de cérvix uterino, de estômago e HPV.
• Grande consumo de carne vermelha e processada, por se tratar de um alimento com relação especial com o câncer de cólon, devido à presença de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, gordura saturada, compostos nitrosos e ferro atuando como pró-oxidante.
• Proliferação de bactérias nasais, intestinais, hepáticas e vírus oportunistas crônicos, que também podem se relacionar ao câncer.
Alimentos indicados para prevenção
Soja
Alimento com efeito protetor sobre o risco de câncer de mama. Meninas de até 19 anos devem consumir uma ou mais porções de soja ao dia como forma de garantir proteção ao sistema imunológico.
I3C
O consumo de 400mg da substância ao dia por mulheres com displasia das células do cérvix uterino mostra reversão completa dessa alteração, evitando o câncer uterino. Além disso, o I3C modula a atividade do receptor de estrogênio e altera seu metabolismo, de forma que este seja convertido em uma forma benéfica para o organismo.
Como complemento, pode-se reduzir o risco de desenvolver câncer consumindo duas porções de vegetais crucíferos ao dia. Alimentos como o broto de brócolis garantem também proteção contra o câncer de pele, conferindo defesa metabólica e física, agindo como uma espécie de “protetor solar”.
Vitamina D3
Alimentos dessa natureza garantem bons níveis de sobrevida após o câncer de mama, além de diminuírem os riscos dos cânceres de cólon, mama e pulmão.
Ômega 3
Esse tipo de gordura possui efeito antimetastático, que pode se relacionar ao risco de câncer de mama e próstata e pode ser utilizado na quimioterapia. O ácido eicosapentaenóico (EPA), fração do Omega 3, também pode reduzir tanto o número quanto o tamanho dos pólipos intestinais.
Ec3g
É um componente presente no chá verde, que tem potencial de induzir uma enzima no fígado capaz de aumentar a eliminação de toxinas. Quanto mais nova é a planta, maior o potencial contra a H. pylori e o câncer gástrico.
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